quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

RESENHA - Prática Escolar: do erro como fonte de castigo ao erro como fonte de virtude

1 Obra: Luckesi, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições/. 20.ed. São Paulo: Cortez, 2009, 180 p.


 2  Credenciais do Autor

Carlos Cipriano Luckesi é brasileiro,nascido em 1943,em Charqueadas (SP),é licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Salvador(BA), em 1970. Obteve o grau de mestre em Ciência Sociais pela Universidade Federal da Bahia; doutorou-se em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1992. Pós graduação em Educação pela Faculdade Federal da Bahia. Exerce o magistério no departamento de Filosofia e Ciências Humanas da mesma universidade


Publicou as seguintes obras: Avaliação da aprendizagem na escola,reelaborando conceitos e recriando a prática, Fazer universidade: uma proposta metodológica, Filosofia da Educação, Introdução á filosofia, Prática docente e avaliação equivocos teóricos prática educativa, série estudos e pesquisas.





3  RESUMO



Prática Escolar: do erro como fonte de castigo ao erro como fonte de virtude

O erro na prática escolar tem induzido ao uso do castigo como forma de correção.
A visão do erro na prática escolar, tem levado ao uso frequente do castigo como forma de correção e dar a direção de aprendizagem.
Uma visão correta do erro possibilita a sua utilização de forma construtiva.
O comportamento dos alunos na pratica escolar tanto no passado como no presente, leva aos castigos mais variados por parte do professor. Com o avanço no tempo, os castigos foram mudando, não tendo mais agressão física, mas não deixaram de ser violentos.
No passado os castigos eram físicos, no sul do país se usava a régua para bater no aluno, por ele não responder adequadamente o que o professor. No nordeste o castigo era pela prática da palmatória, dependia da consciência do professor ou pelo peso do erro. Também era usado grãos de feijão, milho para o aluno ajoelhar-se em cima, ou colocar o aluno em frente aclasse olhando para a parede com os braços abertos. Os castigos ficavam entre o físico e o moral por ex: deixar o aluno em pé durante a aula, enquanto o restante da classe ficava sentada. O castigo era físico pelo estado em que o aluno ficava, e moral por estar exposto aos colegas era uma situação vexatória.
Outra forma de castigo usada no passado e ainda hoje permanece é aquela em que o professor cria um clima de medo, tensão e ansiedade entre os alunos. O professor faz uma pergunta para um depois para outro, gerando um certo desconforto,medo e apreensão, pois não se sabia qual seria o próximo. Com essa atitudes percebe-se que o professor não está preocupado com quem aprendeu e sim com quem não aprendeu, para expor para os colegas a sua fragilidade. O professor prossegue com as perguntas até encontrar aquele que não sabe. Aquele que aprendeu é elogiado, o que não aprendeu é ridicularizado. Segundo o senso comum do magistério o medo e avergonha de não saber, serve de lição ao aluno que não aprendeu e exemplo para o que aprendeu.
Dessa maneira o aluno que não aprendeu se sente desvalorizado e desmotivado pelo professor e pelos colegas. Outro castigo é deixar o aluno sem recreio, suspender o lanche e realizar tarefas extras em sala de aula ou em casa, castigos que ainda são usados  como gozação, dos que não foram bem nos testes surpresas. Quando o aluno é ameaçado por castigo, sofre antecipadamente pois fica na expectativa de se castigado a qualquer momento.
De qualquer forma o castigo que nasce do erro, fica marcado pelo aluno tanto pelo conteúdo quanto pela forma de castigo. As ameaças de castigo geram medo, ansiedade, vergonha, o aluno fica apreensivo pois pode ser o próximo da chamada. Muitas vezes além de ser castigado pela gozação dos colegas ele próprio prática a autopunição. Mas nem sempre a escola é  a responsável por esse processo culposo mas ela reforça esse processo. Depois que crianças e jovens passam por esse processo, para se libertarem dessa ansiedade e fobia, irão precisar de um acompanhamento psicológico, pois adquiriram certos hábitos que não servem para nada. O medo causa dependência e incapacidade de seguir adiante.
O clima de culpa acompanhada do castigo , impede que a escola e a sala de aula seja um espaço alegre, atraente e formador de indivíduos críticos. Com isso os alunos vão se desgostando e se desmotivando de estar dentro da escola ou da sala de aula.
A idéia da prática do castigo é decorrente da idéia de que o aluno tem que assumir uma postura, então é castigado para que aprenda e adquira uma postura que aos olhos da sociedade seria a ideal (correta). Nessa perspectiva o castigo acontece por que há uma culpa a ser reparada. Essa idéia de culpa tem cunho religioso, pois crescemos ouvindo que nascemos do pecado. Portanto todos nós carregamos o sentimento de culpa, e isso nos limita, fazendo com que limitemos aos outros e os punimos com o castigo, e estamos sempre nos auto punindo dos supostos erros, assumindo assim uma postura de sadomasoquismo. Muitas vezes não suportamos em nós e nos outros os sentimentos de alegria e prazer, por isso castigamo-nos assim como aos outros. O castigo para alguns pode ser um ato prazeroso.
A idéia de vida culpada não se deu por acaso, e sim numa trama de relações sociais que construímos ao longo da história. A culpa gera certa limitação e um autocontrole sobre os sentimentos e impossibilitando o sujeito a estravazar, a aumentar seus sentimentos.
A culpa só tem uma utilidade a de controlar o sujeito para a sociedade conservadora.
Nessa perspectiva o uso do erro na prática escolar, vai além do simples castigo.
O erro poderia ser visto como fonte de crescimento, para tirar benefícios, olhar o erro  sem preconceito, antes de  fazer julgamento.
A concepção do erro só aparece no contexto da existência de um padrão visto como correto, se não existe padrão não existe erro. O que pode existir é uma insatisfação quando não se alcança o objetivo almejado. A humanidade tentou produzir a ciência onde para se produzir conhecimento, ia-se tentando se desse certo obtinha-se conhecimento, caso contrário continuavam tentando.
Esta caracterização de acerto ou erro pode ser útil para expressar o esforço de alguem, que busca um caminho para a compreensão do mundo, e nesse processo não há acerto ou erro e sim o sucesso e o insucesso. Nesse  método existe um esforço de construção que pode ser bem ou ma sucedido. Quando a solução é bem sucedida diz-se que aprendeu positivamente, se o resultado não é satisfatório, pode-se dizer positivamente também, que ainda não aprendeu satisfatoriamente.
Quando não se chega a um resultado satisfatório, ao invés de se autopunir ou punir aos outros deve-se fortalecer e usar o insucesso como um trampolim para dar um novo salto.
Sem erros de aprendizagem não acontece o crescimento, por ex: quando se da uma atividade ao aluno e se verifica o erro por ele cometido, ouvimos o aluno dizer agora entendi oque era para fazer. Se essa conduta fosse de se castigar não teríamos a chance de redirecionar o aluno e o aluno não teria a oportunidade de crescer, e então se perderia a oportunidade de ser educador. Assim o erro é visto como algo dinâmico, é um caminho para o avanço. A avaliação da aprendizagem deveria servir de alicerce para a qualificação do processo do educando.
Diante dos objetivos que se tem, de modo que se pudesse verificar como agir para ajudá-lo, a alcançar seus objetivos.
A avaliação não deveria ser fonte de decisão sobre o castigo. Mas de decisão sobre os caminhos do crescimento sadio e feliz.


4  APRECIAÇÃO
Trata-se de uma obra que  pretende de alguma forma cobrir uma gama de temas e problemas da avaliação da aprendizagem, com os quais docentes e dicentes vem se defrontando.
É uma obra reeditada na íntegra e na forma como já foram oferecidas ao público. Não foi feito revisão para não tirar a originalidade dos textos. Por isso poderá  ser encontrado algumas repetições de abordagem, foram acrescentados dois textos novos, que são os últimos capítulos elaborados em cima de novas reflexões sobre o tema , envolvendo tratamento de aspectos psico-afetivos que se fazem presentes na prática educativa escolar e , consequentemente, na avaliação da aprendizagem. Com essa coletânea possibilita-se que esses estudos e proposições sobre avaliação da aprendizagem escolar,que estavam dispersos, possam ser lidos,apreciados e sirvam de norteadores para esta prática.


5  INDICAÇÃO

Esta obra apresenta especial interesse a educadores, e alunos do curso de Pedagogia, Licenciatura e Formação do Magistério. Pois apresenta estudos críticos sobre avaliação da aprendizagem escolar, assim como proposições no sentido de torná-la possível e construtiva


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